O papel é feito
O papel é feito a partir da madeira, da qual são extraídas fibras de celulose, convertidas em papel após uma série de processos industriais. O que pouca gente sabe é que nem sempre foi assim… O papel foi inventado na China no século II, mas durante mais de 1500 anos a matéria-prima mais comum para fazê-lo não era a madeira, mas sim fibras de algodão extraídas de roupas velhas, panos e trapos. Depois do desenvolvimento das máquinas de impressão, a partir do século XV, o consumo de papel aumentou muito e o mundo percebeu que não havia roupa velha que chegasse para publicar livros, revistas, jornais… Alguns reis da Europa tentaram inclusive limitar o comércio de trapos, temendo ficar sem papel. Apesar de o francês René Antoine de Reaumour ter dado a ideia de usar fibras extraídas da madeira em 1719. Aliás, foi só a partir de 1850 que diversos inventores, como o alemão Friedrich Keller, o inglês Hugh Burgess e o americano Benjamin Tilghman, tornaram isso viável. Foi preciso aperfeiçoar um método de digerir a madeira com produtos químicos, de modo a extrair a celulose e obter um papel de qualidade aceitável. Entre os produtos químicos usados estão certos sulfitos (compostos de enxofre) - é daí que vem o nome, por exemplo, do papel sulfite. Hoje, com métodos avançados, é possível aproveitar até 98% da madeira de uma árvore numa fábrica de papel, usando a casca e outras partes antes descartadas como combustível para o próprio processo industrial. Na essência, porém, o método de fabricação ainda é o mesmo, desde sua invenção pelos chineses. Negócio da China.
O papel surgiu no século II, substituindo o papiro e o pergaminho
4000 a.C. CRIATIVIDADE egípcia
Os antigos egípcios descobriram que podiam montar folhas macias para escrever a partir da medula da cana que crescia nos pântanos alagados do rio Nilo. Depois de cortadas, as canas (Cyperus papyrus), ficavam dispostas lado a lado em duas filas perpendiculares de fibras e eram prensadas e postas para secar. O papiro foi o grande meio destinado à escrita na Antiguidade, sendo usado por gregos, romanos, persas e árabes durante muitos séculos.Século II a.c. Ideia animal
Ao contrário do papiro, que tem origem vegetal, o pergaminho era feito com couro de animais (como ovelhas, cabras e bezerros), que era limpo, curtido, lixado e esticado em armações de madeira. Acredita-se que ele foi inventado na colónia grega de Pérgamo (actual Bergama, na Turquia), daí o seu nome. Depois do ano 700, quando os árabes conquistaram o Egipto, principal fornecedor de papiro no mundo, o pergaminho tornou-se o mais importante meio de escrita da Europa.
Século II d.c. Roupa reciclada
No ano 105, o chinês Tsai Lun, sábio da corte do imperador Han, misturou trapos de roupa, cordas e cortiça numa tina, pôs para cozinhar e recolheu a polpa formada em bandejas lisas de madeira. Depois, prensou as bandejas para retirar o excesso de líquido e pendurou as folhas para secar ao sol, num varal. Estava inventado o papel, que ainda levaria mil anos para chegar à Europa. Os europeus aprenderam a fabricá-lo com os árabes, que por sua vez tinham aprendido com os chineses
1 A principal matéria-prima para a produção de papel são toras de madeira.
Nas fábricas, após serem cortadas, elas passam por um descascador e picador, de onde saem na forma de pequenos cavacos (lascas).
2 Num tanque chamado digestor, os cavacos são cozidos dentro de um líquido composto por água e alguns agentes químicos, como sulfitos. O resultado desse cozimento é chamado de polpa.
3 A polpa passa por um processo de lavagem, em tanques e centrífugas, onde são extraídos os cavacos que não se dissolveram e outras impurezas. Depois, ela é deixada em repouso noutros tanques, numa etapa chamada de branqueamento, para separar a celulose de outros resíduos.
4 Os restos não aproveitados de madeira são queimados em caldeiras e transformados em energia eléctrica em turbogeradores a vapor. A energia gerada aqui alimenta o próprio processo de fabricação do papel.
5 A polpa de celulose, ainda com alto teor de água, passa por uma máquina chamada mesa plana, que transforma essa massa húmida numa grande folha contínua e lisa, pousada sobre uma esteira rolante de feltro.
6 A grande folha, movida pela esteira rolante, passa por rolos de prensagem e secagem com ar quente, que retiram o excesso de água, compactam o papel e alisam a folha. Dependendo do tipo de produto que se quer, ela ainda passa pelo coater (revestidora), um rolo que aplica uma película que protege ou dá brilho ao papel como no caso do couché, por exemplo
Finalmente, a folha passa por um aparelho chamado enroladeira e por rolos de rebobinagem, onde o papel se descola da esteira rolante e forma enormes rolos ou bobinas , estando pronto para o corte e o empacotamento.